Dicas para tirar nota alta no Enem sem cursinho
Ter rotina definida e focar na produtividade estão entre as recomendações dos especialistas
Tirar nota alta no Enem sem cursinho é possível. Opção buscada por muitos candidatos, estudar sem ajuda de um preparatório pode exigir mais dedicação. Ao mesmo tempo, a escolha pode resultar em economia e um estudo adaptado às próprias necessidades. Segundo especialistas, dentro ou fora do cursinho, o segredo é manter uma rotina sólida. Em outras palavras, muita organização, leitura diária e simulados.
Para a especialista em educação digital Lillian Cruz, fundadora do projeto on-line Passei Sem Cursinho, há muitos equívocos sobre essa maneira de estudar. Habituada a se preparar para provas por conta própria, a jovem garante que um programa de estudos bem feito pode substituir os pré-vestibulares, sem lacunas no conteúdo.
— Quem não faz cursos, seja por opção ou falta de recursos, precisa se esforçar mais. O primeiro passo é descobrir um método eficaz de aprendizado. O uso de agenda é muito válido, pois permite organizar horários e criar metas ao longo da semana — conta Lillian.
Apesar de acreditar na eficácia da preparação individual, a empreendedora digital reconhece que muitos estudantes se sentem mais seguros com o apoio de um curso preparatório:
— De certo modo, a internet tem democratizado o conteúdo em poucos cliques. Entretanto, as pessoas ainda sentem a necessidade do cursinho, por precisarem de conteúdo seguro e organizado, o que nem sempre é encontrado em buscas na rede.
A procura por conteúdo educacional confiável não é simples. Segundo Jaques Braga, professor de Física e dono de um canal no YouTube sobre o tema, o primeiro passo é superar a zona de conforto. O processo, de acordo com o educador, envolve depositar mais responsabilidade no cotidiano e depender menos da figura do professor.
— Não é o perfil do aluno brasileiro estudar sozinho. Em nossa cultura pedagógica, o professor ainda é a figura predominante. Estudar em casa dá trabalho, mas é possível tirar uma nota boa no Enem sem pré-vestibular. Os livros didáticos são ótimos e as videoaulas, cada vez melhores e acessíveis — explica Jaques, garantindo que o aprendizado pode ser uma experiência individual.
Criador da página Desvendando o Enem, com cerca de 60 mil curtidas no Facebook, o consultor educacional George Castro vê grande potencial nas aulas on-line, mas quando acompanhadas de objetivos bem definidos. O professor insiste que os estudantes não gastem todo o tempo com vídeos ou resumos da internet.
— É possível encontrar de tudo um pouco, como videoaulas, material teórico, listas de exercícios, simulados, resumos e acesso gratuito a plataformas adaptativas. O grande risco é perder tempo demais com buscas e organização, sobrando pouco espaço para, de fato, estudar — observa George.
A grande quantidade de material on-line pode ser inimiga dos estudos. Segundo George Castro, a melhor forma de lidar com o excesso de informação – e o tempo de preparação até o Enem – é simular uma rotina como a do cursinho, com dias e horários específicos para disciplinas e exercícios.
— Mesmo sem sair de casa, vale a pena se arrumar como se fosse para uma aula. Isso inclui todo o ritual de preparar o material na noite anterior, acordar cedo, ir para o banho, se vestir, tomar café, escovar os dentes e arrumar o cabelo. Isso faz com que o estudante considere o momento algo sério — sugere o educador.
No dia a dia dessa preparação, os candidatos devem ter foco na produtividade. Esse é um objetivo que Lillian Cruz elege como crucial no Enem. Para ela, quando o método de estudos é bem elaborado, os alunos conseguem alcançar o mais importante para qualquer prova: o autoconhecimento.
— Saber como o cérebro assimila a matéria ajuda no rendimento. Um estudante mais visual, por exemplo, vai aprender melhor com mapas mentais. Já uma pessoa auditiva pode aprender melhor se gravar áudios e ouvir cada um — exemplifica Lillian.
Exigindo certo esforço, o momento de análise serve até mesmo para conhecer melhor o Enem – algo recomendado em uma prova que foge do tradicional. Nesse sentido, George Castro revela que escolas e pré-vestibulares ainda não entenderam exatamente o que a banca do exame pede. Ele ressalta isso como uma chance de candidatos sem cursinho saírem à frente.
— Muitos professores veem o Enem como diferente, mas não sabem exatamente o porquê disso. Compreender a Matriz de Referência do exame é o ponto de partida para o sucesso. Ainda há escolas e preparatórios que ignoram o documento — conclui George.