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Enem 2013: os oito erros mais comuns na redação

Professores apontam falhas que os candidatos da avaliação federal cometem com mais frequência na prova de dissertação. Saiba como evitá-las

 

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Ao produzir uma redação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o estudante precisa ter em mente as cinco competências avaliadas pela banca responsável pela correção. A primeira delas é o domínio da norma padrão da língua escrita. É essa competência que concentra a maior parte dos erros, segundo aponta um time de professores de cursinhos que, a pedido de VEJA.com, lista as falhas mais comuns dos estudantes na prova de dissertação.

Leia mais sobre o tema:
Microcurso de redação para o Enem

Compreensão do tema proposto pela banca examinadora, capacidade de organizar e relacionar informações, construir argumentos e elaborar uma proposta de intervenção ao problema apresentado são as demais competências avaliadas na redação. O estudante não deve descuidar de nenhuma delas.

Confira a seguir os oito principais erros cometidos por participantes nas provas de dissertação do Enem. Leia também orientações dos especialistas para evitar os deslizes.

Os oito erros comuns:

-Uso de gírias e expressões típicas da língua falada:

O uso de gírias e de expressões típicas da comunicação oral deve ser evitado na redação. Embora utilizados no cotidiano, esses registros não fazem parte da norma culta da língua portuguesa, que é a avaliada pelos examinadores do Enem. “O uso dessas expressões acarretam redução na nota do candidato”, diz a professora de redação Simone Ferreira Gonçalves da Motta, do curso Etapa.

Exemplos do que deve ser evitado:

1. Registros típicos da oralidade e gírias
Não utilize “né”, “daí”, “então”, “tá ligado”, “cara”,  “tipo assim”

2. Abreviações usadas em bate-papos da internet
Não utilize “vc”, “tb”, “pq”, “pra”. Prefira “você”, “também”, “porque”, “para”

 

-Uso de termos pomposos fora de contexto:

O desejo de ostentar domínio da norma culta costuma levar candidatos a cometer outro erro: o de utilizar palavras difíceis cujo significado ele não compreende. A orientação é simples: para não correr o risco de errar, é preferível escolher palavras e construções simples.

“Não adianta usar um termo bonito de modo errado. Isso pode prejudicar a nota do candidato”, diz a professora Simone Ferreira Gonçalves da Motta.

 

-Confusão no uso das palavras “mal” e “mau”:

Outro erro comum é a utilização trocada das palavras “mau” e “mal”.

A primeira é um adjetivo, ou seja, qualifica um substantitivo, como ocorre em “lobo mau“.

A segunda pode assumir duas funções. Na primeira, como substantivo, dá nome ao que é nocivo ou prejudicial. É o caso de “O mal é um elemento presente nas fábulas”. Na segunda, ele assume o papel de advérbio, alterando um verbo, um adjetivo ou mesmo outro advérbio. É o que ocorre em “Ela pareciamal vestida”.

Em caso de dúvida, vale usar uma velha orientação para esclarecer o uso de “mal” ou “mau”: substitua na frase as palavras por seus antônimos: “bem” em lugar de “mal” e “bom” em lugar de “mau”.

Exemplos:

1. “Ela agiu mal.” > Na substituição: “Ela agiu bem.”

2. “Ele é um mau aluno.” > Na substituição: “Ele é um bom aluno.”

 

-Regência verbal e nominal:

Regência verbal trata da forma como se ligam verbo e seus complementos. Regência nominal, da ligação entre substantivo, adjetivo ou advério e seus complementos.

As regras de regência costumam ser quebradas por serem utilizadas de modo diverso na língua falada. Assim, cotidianamente, é comum encontrarmos a seguinte construção: “Assisto o filme na TV”. O correto, segundo a norma culta, seria dizer: “Assisti ao filme na TV”, pois o verbo assistir, no sentido usado aqui, exige o uso da preposição “a”.

Outro exemplo é a construção “sentar à mesa”, que indica que uma pessoa está em uma cadeira à beira da mesa. No dia a dia, a expressão é substituída por “sentar na mesa”, que significa que a pessoal está sentada sobre a mesa. A mudança transmite informações totalmente diferentes.

Erros como esse podem prejudicar a compreensão do texto, além, é claro, de roubar pontos precisos do candidato. “Algumas palavras precisam da preposição correta para obter o sentido esperado. O aluno precisa dominar essa técnica”, diz Simone Ferreira Gonçalves da Motta.

Como evitar os erros mais comuns:

1. Obedecer: o verbo obedecer exige o uso da preposição “a”
Exemplo: “Os alunos obedecem ao professor”

2. Ir: o verbo exige o uso da a preposição “a” — e não “no” ou “na”
Exemplo: “Irei ao teatro”

 

-Períodos muito longos:

Frases longas devem ser evitadas, pois atrapalham a coesão do texto, explica Filipe Couto, coordenador de redação do curso Pré-Enem, da Abril Educação. O ideal é verificar no rascunho, antes de passar a limpo o texto, os períodos com mais de duas linhas e tentar organizar as ideias em frases mais curtas e objetivas.

O mesmo cuidado deve ser tomado com os parágrafos, para que não haja desequilíbrio entre eles. A orientação do professor Pablo Jamilk, também do Pré-Enem, é que o estudante divida todo texto em três parágrafos seguindo o padrão: três a quatro linhas para a introdução, cinco a sete linhas para o desenvolvimento, e quatro a cinco linhas para a conclusão.

 

-Uso indevido da conjunção “contudo”:

A palavra “contudo” é uma conjunção de natureza adversativa que introduz uma oposição a algo que foi dito anteriormente. Assim, não é, como pensam muitos candidatos, o termo apropriado para iniciar, por exemplo, o trecho de conclusão da redação.

“Essa conjunção deve mostrar que há divergência com o texto anterior. A conclusão, por outro lado, pretende apresentar uma consequência dos argumentos apresentados antes”, diz Pablo Jamilk, do Pré-Enem. É melhor usar expressões como “logo”, “portanto”, “desse modo” ou “assim”.

Exemplos:

1. “O presidente agiu corretamente, contudo resolveu-se o problema.” (ERRADO)

2. “O governo sabe do problema, contudo não age para resolvê-lo.” (CORRETO)

 

-Senso comum e generalizações:

Na dissertação do Enem, o candidato deve propor soluções a um problema apresentado. Ele deve, portanto, argumentar. Isso exige atenção redobrada a argumentos considerados clichês, aqueles que, usados à exaustão, perdem seu valor. “São exemplos disso apelos à consciência, culpar o capitalismo por todas as mazelas do mundo ou dizer que o governo não liga para o povo” diz o professor Pablo Jamilk, do Pré-Enem.

O mesmo vale para generalizações. É o caso de afirmações como “a população brasileira não acredita mais no voto como instrumento democrático”, entre outras. “A afirmação é imprecisa, já que o aluno não pode garantir que toda a população do país deixou de acreditar no voto”, diz o professor Filipe Couto.

Seja cuidadoso ao usar palavras como “único”, “sempre”, “todos”, “jamais”. Elas ajudam a construir generalizações indevidas.

 

-Cópia de trechos da proposta de redação:

A proposta de redação de Enem vem sempre acompanhada de uma coletânea de textos de apoio cujo objetivo é subsidiar a discussão a ser desenvolvida pelo candidato. Isso eventualmente inclui, além de textos, mapas e charges.

Um tropeço frequente cometido por participantes da avaliação federal é reproduzir trechos textuais dessas fontes. A cópia, lembra o professor Filipe Couto, acarreta desconto na nota e na contagem de linhas válidas da redação. O mesmo vale para quem parafraseia o trecho, ou seja, reproduz o texto de apoio usando outras palavras.

As 5 competências avaliadas na redação do Enem:

-Domínio da norma padrão da língua escrita:

O título da primeira competência avaliada pelos examinadores pode parecer complexo à primeira vista. Trata-se, na verdade, de um conceito simples. O que o Enem busca avaliar aqui é a capacidade dos estudantes de diferenciar os registros oral e escrito da língua. Um exemplo simples: no cotidiano, usamos a expressão “pra” (contração da preposição “para” e do artigo “a”). Ela pode se adequar perfeitamente a nossas conversas diárias, mas não fica bem quando precisamos fazer um discurso na formatura do colégio ou ainda ao escrever uma carta para a direção da empresa na qual trabalhamos. Nessas situações, deve-se primar pela clareza e pela precisão, possíveis graças à norma culta da língua. O examinador do Enem quer saber se o candidato conhece essas diferenças – e se sabe escrever usando o português correto.

Comentário do professor:
“É imprescindível obedecer às regras gramaticais no Enem. Não há espaço para brincadeiras aqui”, afirma Tiago Fernandes, professor de redação do CPV Vestibulares.

 

-Compreensão da proposta:

Um dos erros mais frequentes – e graves – em redações de vestibulares e do Enem é a inadequação ao tema proposto. É o que acontece quando o candidato “foge do tema”, como se costuma dizer. Trata-se de uma falta grave porque sinaliza que o estudante sequer conseguiu entender a proposta da prova (na verdade, o erro é fatal: quem não demonstra essa competência ganha nota zero na redação).

 

-Capacidade de organizar e relacionar informações:

Além de apresentar o tema de redação, o Enem oferece aos candidatos textos de apoio, que podem servir de subsídio à reflexão a ser desenvolvida. Esses textos ajudam o exame a avaliar a capacidade do estudante de selecionar e interpretar essas informações e as relacionar com outras, previamente conhecidas por ele. É avaliada ainda a capacidade de organizar todo esse conhecimento em defesa de um ponto de vista pessoal.

Comentário do professor:
“Essa competência exige especialmente atenção, durante a leitura dos textos de apoio, e lógica, na redação”, afirma Francisco Platão Savioli, coordenador de língua portuguesa do Anglo Vestibulares

 

-Construção da argumentação:

Os aspectos avaliados nessa competência dizem respeito à estruturação do texto e apresentação da argumentação. O estudante deve demonstrar que sabe usar o idioma para desenvolver suas ideias sobre o tema proposto de maneira clara e lógica. Dessa forma, será bem-sucedido na tarefa de comunicar a mensagem pretendida.

Comentário do professor:
“Aqui, o avaliador busca uma dissertação que não exponha apenas os fatos, mas se comprometa a sustentar um ponto de vista com base em bons argumentos”, afirma Francisco Platão Savioli, coordenação de língua portuguesa do Anglo Vestibulares

 

-Elaborar proposta de intervenção ao problema exposto:

A última competência busca avaliar se o candidato tem condições de propor alguma ideia para solucionar um problema. É fundamental detalhar os meios que seriam utilizados para a solução do problema. O próprio MEC ressalta que as propostas devem ser feitas respeitando-se os direitos humanos, o que implica não romper com valores como cidadania, liberdade, solidariedade e diversidade cultural.

Comentário do professor:
“Ainda que não seja preciso prová-lo, é fundamental que a proposta seja minimamente factível”, diz Roseli Braff, supervisora de língua portuguesa do Sistema COC de Ensino

 

Referencias: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/enem-2013-os-oito-erros-mais-comuns-na-redacao

 

 

 

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